Minociclina em Pacientes sob Tratamento Radioterápico para o Câncer de Cabeça e Pescoço Reduz os Efeitos Colaterais Associados com a Radioterapia

Estudos Científicos
28/out/2021


Minociclina Auxilia na Prevenção dos Efeitos Colaterais da Radioterapia
Diminui a Gravidade dos Sintomas em Pacientes com Câncer de Cabeça e Pescoço

A boca e a garganta participam de vários processos importantes para o ser humano: respiração, fala, alimentação, mastigação e deglutição. Normalmente o câncer de boca se apresenta como uma ferida que não cicatriza que pode ser dolorosa ou não. Pode ocorrer nos lábios, no revestimento interno da boca (mucosa bucal), nas gengivas, na língua, na parte da boca que fica debaixo da língua (assoalho da boca), o céu da boca (palato duro) e a área atrás dos dentes do siso.

 A garganta é um termo popular que engloba as regiões da orofaringe, hipofaringe e laringe. O câncer orofaríngeo é o que se desenvolve na parte da garganta localizada atrás da boca (conhecida como orofaringe). Essa região inclui a base da língua (a parte de trás da língua), o palato mole, as amídalas, os pilares, as paredes laterais e posteriores da orofaringe. A hipofaringe é a região da faringe que se localiza inferiormente à orofaringe e fica atrás da laringe (caixa da voz ou Pomo de Adão), que é um órgão que contém as pregas vocais responsável pela produção da voz que se fecha quando comemos e se abre quando respiramos.


Efeitos Colaterais da Radioterapia Associada ao Câncer de Cabeça e Pescoço

Os pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço que recebem radioterapia podem desenvolver reações, na mucosa e na pele, de diferentes intensidades. A associação de radioterapia e quimioterapia aumenta a incidência, severidade e duração de mucosite oral; especialmente quando são utilizadas combinações de diferentes substâncias. Podem ocorrer também reações sistêmicas que acarretam no desenvolvimento de sintomas como: dor, fadiga, distúrbios do sono, perda de apetite, dificuldades de deglutição/mastigação durante a radioterapia.


Minociclina e Efeitos Protetores Sistêmicos

A minociclina é um antibiótico derivado da tetraciclina de terceira geração, mais seguro, prontamente disponível, e é amplamente utilizado para tratar acne e outras infecções. Além de indicações tradicionais em doenças infecciosas, além disso ela  demonstrou suprimir a liberação de citocinas pró-inflamatórias e seu uso em doenças inflamatórias, como a artrite reumatoide, está bem estabelecido. Também demonstrou efeitos protetores nos tecidos. Essa substância atravessa a barreira hematoencefálica e seu uso como neuroprotetor está sendo explorado em várias condições neurodegenerativas, como na doença de Huntington. A minociclina tem sido usada como agente profilático para impedir o desenvolvimento de efeitos colaterais cutâneos em pacientes com câncer em tratamento com inibidores do fator de crescimento epidermal. Com base nesses dados, um estudo publicado no periódico Supportive care in cancer avaliou o uso da minociclina com a finalidade de diminuir os efeitos colaterais da radioterapia no tratamento do câncer de cabeça e pescoço.

 Estudo Comprova:

Minociclina Diminui os Efeitos Colaterais Associados com Radioterapia para o Câncer de Cabeça e Pescoço 


Estudo conduzido por Gunn et al. (2020) teve como objetivo investigar os efeitos da minociclina na diminuição da severidade dos sintomas reportados pelos pacientes durante a radioterapia para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço.

A primeira análise de avaliação foram os sintomas relacionados com: dor, fadiga, distúrbios do sono, perda de apetite, dificuldades de deglutição/mastigação durante a radioterapia. O segundo critério de avaliação foi os escores do Anderson Symptom Inventory para radioterapia

Resultados:

Ø  Dos quarenta pacientes analisados 75% apresentavam câncer de orofaringe e 78% eram homens;

Ø  Não foram observados eventos adversos de grau 3 potencialmente relacionados com o medicamento do estudo;

Ø  Dois pacientes do grupo 1 precisaram de sonda de alimentação durante a radioterapia vs. cinco pacientes do grupo placebo (p=0,21);

Ø  Os sintomas relacionados com a radioterapia (dor, fadiga, distúrbios do sono, perda de apetite, dificuldades de deglutição/mastigação) e os escores do Anderson Symptom Inventory favoreceram o grupo que recebeu a minociclina, porém os resultados não foram significativos; 

Ø  Houve no grupo minociclina uma diminuição dos efeitos colaterais sistêmicos e uma maior recuperação pós-radioterapia.


Conclusão:

 A minociclina foi viável, bem tolerada e alcançou um sinal positivo no sentido de reduzir a gravidade dos sintomas relatados pelos pacientes durante a radioterapia para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço, particularmente para sintomas sistêmicos.

Autor(a)

Equipe Técnica Consulfarma
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